Segmentos têxteis: conheça os 4 principais do mercado brasileiro
O segmento têxtil brasileiro é muito amplo e abrange uma variedade de indústrias, desde a produção e beneficiamento de matéria-prima (algodão, lã e poliéster) até o desenvolvimento de maquinário tecnológico, passando por produtos intermediários e vestuário.
Para empreender no setor é importante ter conhecimento das especificidades de cada segmento, tanto para investir corretamente quanto para se relacionar com outros produtores, seus potenciais fornecedores ou clientes. Afinal, a indústria têxtil é uma das maiores do país e representa uma boa parcela do PIB e dos empregos no segundo setor.
Pensando nisso, preparamos este post para que você conheça os mais diversos segmentos, como as fibras, tecidos, fios, aviamentos, beneficiamento, vestuário, roupas de cama, acessórios de banho, tecidos técnicos etc. Não deixe de ler até o final.
1. Algodão e fibras
A fibra de algodão ainda é a principal matéria-prima utilizada por todo o setor têxtil. Assim, nesse segmento, encontramos uma produção, uma importação e também uma exportação significativa.
A média da década foi a produção de mais de um milhão e duzentas e setenta mil toneladas de algodão. Como há produtos de altíssima qualidade, uma parte dessas fibras são exportadas para a confecção de polos de moda internacionais, cerca de 330 mil toneladas.
De acordo com a Abit, o consumo pelas indústrias nacionais chega a 900 mil toneladas e, por causa disso, ainda precisamos importar parte da matéria-prima, ultrapassando as 100 mil toneladas. Em 2017, porém, tivemos ótimas notícias, a produção da pluma de algodão conseguiu alcançar 170 milhões de toneladas, um crescimento de 12% em relação aos últimos anos.
Consequentemente, a Abit espera que o consumo pela fibra aumente 20% e que, somente no mercado interno, o consumo dessas fibras aumente 4 a 5% nos próximos anos.
Somando todos os dados da cadeia produtiva do algodão em 2016 e 2017, o segmento teve um PIB bruto de US$74 bilhões e a movimentação financeira total chegou a 134,5 bilhões de reais, divididos nas seguintes atividades:
- US$1,3 bilhão na produção e consumo de insumos agrícolas;
- US$3,2 bilhões nas fazendas;
- US$131 bilhões no “pós-porteira”, ou seja, no beneficiamento do algodão em fibras, fios e outros insumos;
- US$ 48 bilhões em negócios facilitadores da cadeia produtiva, como o transporte, corretoras de investimentos etc.
2. Fibras artificiais e sintéticas
As fibras químicas são divididas em dois grupos principais:
- as artificiais, produzidas a partir do tratamento da celulose;
- as sintéticas, fabricadas a partir de derivados petroquímicos.
No mundo todo, devido aos custos e menor necessidade de espaço para ampliação da produção, a tendência é que elas sejam cada vez mais utilizadas, principalmente as sintéticas. No entanto, a indústria brasileira sofre com uma forte competição dos produtos asiáticos, mesmo no mercado nacional.
Para contornar a concorrência, a nossa cadeia produtiva tem investido mais em produtos de maior valor agregado. Precisamos ainda contornar alguns desafios, como uma cadeia pouco integrada, com vários gargalos. Isso aumenta bastante o valor do produto e a possibilidade de expansão da produção.
Até metade da década passada, os números máximos atingiram os seguintes valores:
Artificiais:
- produção: 61,5 mil toneladas;
- importação: 3 mil toneladas;
- exportação: 25,2 mil toneladas;
- vendas domésticas: 35,7 mil toneladas;
- consumo aparente (produção + importação – exportações): 39,2 mil toneladas.
Sintéticas:
- produção: 356,5 mil toneladas;
- importação: 215 mil toneladas;
- exportação: 33,7 mil toneladas;
- vendas domésticas: 344,2 mil toneladas;
- consumo aparente (produção + importação – exportações): 537,9 mil toneladas.
Total:
- produção: 418 mil toneladas;
- importação: 218 mil toneladas;
- exportação: 58,9 mil toneladas;
- vendas domésticas: 379 mil toneladas;
- consumo aparente (produção + importação – exportações): 577,1 mil toneladas.
3. Produtos têxteis
Esse segmento é o intermediário entre as matérias-primas básicas dos itens anteriores e os produtos finais do próximo item. Nele, temos os fios, os tecidos e as malhas.
De acordo com o presidente da Abit, em 2017, o PIB do segmento teve um crescimento aproximado de 1,1%. Apesar de não terem sido fechados, os números de 2018 devem ser bem positivos devido ao crescimento de 2,5% do ramo de vestuário, que atingirá a produção de 6 milhões de peças.
Consequentemente, as empresas de fios e tecidos devem fabricar 1,84 milhões de toneladas de insumos em 2018 para atender a demanda — um aumento de 4% em relação a 2017.
Grande parte da produção é direcionada para o próprio mercado interno, mas as exportações crescem cada vez mais. Nesse sentido, temos números bastante significativos no Brasil: somos o segundo maior produtor mundial de índigo e o terceiro de malhas.
Esta última indústria é, atualmente, considerada especializada e avançada tecnologicamente, produzindo os melhores produtos, tanto para o mercado nacional quanto internacional de commodities de tecidos.
4. Confecções
As confecções são os produtos finais, voltados para o consumo por pessoas na linha final, o varejo. Nesse sentido, o Brasil se destaca por sua diversidade e qualidade. Temos polos industriais têxteis importantes em Pernambuco, São Paulo, Minas Gerais e no Sul do país. A maior parte dos negócios do setor é constituído por pequenas e médias empresas (PMEs), com 1 a 20 funcionários.
As empresas de confecções reúnem cerca de 32 mil empresas. Destas, 80% são PMEs, empregando cerca de 75% dos 1,7 milhões de trabalhadores do setor têxtil. Grande parte dessa produção é voltada para o mercado interno, visto que o Brasil ainda ocupa somente a 23º posição no mercado mundial, representando 0,5% da produção total.
Nesse sentido, os números são muito discrepantes: o mercado nacional absorve 97,5% do consumo da produção, enquanto 2,5% vai para as exportações.
No entanto, nossa importância regional em mercados latino-americanos vem crescendo significativamente. Assim, as confecções representam 6% do valor total da produção da indústria de transformação.
Em termos de número de peças, foram fabricadas 9,4 bilhões, se incluirmos cama, mesa e banho. Em 2003, a divisão da produção entre vestuário e a linha lar foi de 994,9 mil toneladas para a primeira e 411,7 mil toneladas, para a última.
Portanto, o segmento têxtil no Brasil é bastante diversificado e busca atender principalmente ao mercado interno. No caso das commodities, temos um pouco mais de sucesso nas exportações.
A diversidade permite que a cadeia produtiva têxtil tenha uma ampla variedade de matérias-primas para criar, sendo relativamente independente de importações quando comparada à maioria dos mercados. Isso é uma grande vantagem, pois nos deixa mais resistentes às crises mundiais.
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Fonte: fcem